A Coleurb vem a público manifestar preocupação com a falta de compreensão e a intransigência demonstrada pelas principais lideranças do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos Urbanos de Passo Fundo (Sindiurb), bem como por parte de alguns integrantes da categoria. Nesta segunda-feira (23/11), a empresa foi comunicada pela entidade que, na quarta-feira (25/11), está programada a realização, a partir das 5h30min, de assembleia-geral com indicativo para greve. A Coleurb, em 60 anos de existência, sempre demonstrou disposição para o diálogo. Tanto que, nos dias 9 e 13 de novembro, participou de duas rodadas de negociação com o sindicato, ao fim das quais apresentou a seguinte proposta: 1) reajuste de 2% a partir de 1º/09/2020; 2) vale alimentação de R$ 455,00 de março a novembro e de R$ 480,00 de dezembro a fevereiro de 2021; 3) consideração do valor com reajuste de 3,92% (INPC) para o pagamento do 13º salário e para base de negociação 2021/2022; 4) pagamento integral do 13º para os empregados com redução proporcional, independentemente das orientações do Ministério da Economia, e pagamento do 13º salário aos empregados com suspensão de acordo com nos meses trabalhados. O posicionamento do Sindiurb foi de que não a levaria essa proposta para avaliação da categoria. Além disso, na tarde desta segunda-feira (23), ocorreu a primeira audiência de conciliação promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), de Porto Alegre, em sessão online. A segunda rodada está programada para a tarde desta terça-feira (24/11).
A Coleurb entende que os colaboradores merecem o melhor e gostaria de oferecer um reajuste maior, assim como mais benefícios. Diante disso, apresentou uma proposta viável, objetivando a manutenção do emprego e que pode ser honrada, mesmo diante das dificuldades pelas quais passa, assim como todo o segmento de transportes em nível nacional.
Antes chegada da pandemia do novo coronavírus, a empresa transportava, em média, 45 mil passageiros por dia. No início da pandemia, chegou a transportar somente 8 mil passageiros em média por dia, aproximadamente 18% da quantidade habitual. Nos meses de abril e maio, o número de usuários se manteve entre 15 e 20 mil por dia. A partir de junho, em virtude de algumas alterações na legislação e respectivas flexibilizações, a média transportada ficou em 20 mil, chegando, em outubro, a 24 mil passageiros por dia, representando entre 48% e 50% do total antes da pandemia.
Neste mesmo contexto, devido ao cumprimento de todas as legislações para prevenir a Covid-19, foi necessário realizar a compra de EPI’s (equipamento de proteção individual). Também foi feita a aquisição de álcool em gel 70% para uso nos coletivos e pelos colaboradores e materiais de limpeza específicos a fim de reforçar a higienização dos ônibus. Essas despesas não estavam previstas no orçamento anual da empresa.
Outra adequação foi em relação ao afastamento do grupo de risco, resultando na alteração nas tabelas horárias das linhas. A Coleurb ainda fez demissões na área administrativa, mantendo o número mínimo necessário de colaboradores para não prejudicar os atendimentos.
Já o pagamento dos salários foram mantidos em dia em todos os meses, incluindo março, abril e maio, quando ocorreu a redução dos horários das linhas e significativa redução de passageiros. É importante lembrar que, mesmo com o afastamento do grupo de risco em abril e maio, todos receberam o salário integral, sem nenhuma redução.
Por meio de acordo com o Sindiurb, a partir de junho, foram firmados os contratos de suspensão de trabalho para o grupo de risco, e os contratos de redução de salário e jornada para os motoristas/cobradores, devido à redução de horários das linhas e à queda no faturamento. Essas medidas, no entanto, impactaram menos de 20% do valor final da folha de pagamento. Tanto que, para o cumprimento das obrigações financeiras (salários, encargos, fornecedores, etc.), a empresa necessitou buscar empréstimo bancário.
Apesar de todas as dificuldades, a Coleurb não tem medido esforços para manter o pagamento dos salários e encargos dos colaboradores e, em última instância, os empregos. Sabe-se, inclusive, que muitas empresas do setor em outros municípios não conseguiram evitar as demissões e sequer estão realizando acordo coletivo referente a cláusulas econômicas por causa deste cenário complexo.
A gestão da Coleurb sempre se pautou por ações responsáveis e comprometidas com o atendimento à comunidade e vai continuar agindo com esse propósito. Contudo, é imprescindível que haja compreensão e uma postura também voltada ao bem comum por parte dos demais envolvidos no transporte coletivo urbano de Passo Fundo. Em não havendo uma visão coerente e uniforme com este quadro, a Coleurb será obrigada a fazer mudanças para garantir a sua sustentabilidade.
Paula Bulla
Diretora-presidente da Coleurb